As duas fintechs que mais receberam transferências naquele que é considerado o maior ataque hacker do país acumulam queixas por abrigarem contas de golpistas virtuais. Juntas, elas estão sob suspeita de serem utilizadas para viabilizar fraudes de R$ 360 milhões.
Os casos foram judicializados e registrados em portais de defesa dos direitos do consumidor. Entre eles, há desde reclamações pela abertura de contas em nome de pessoas que desconhecem esses bancos até relatos de contas de golpistas abrigadas por elas.
Uma das empresas é a Soffy Soluções de Pagamentos, que teve R$ 270 milhões bloqueados em meio às investigações por ter, supostamente, sido usada para desvios de contas do banco BMP.
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Polícia Civil prende o insider João Nazareno Roque, que desviou bilhões via Pix
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Ataque hacker é preocupação do sistema financeiro
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Ataque hacker
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A maior parte das reclamações é sobre o fato de pessoas terem descoberto que abriram contas em seus nomes e CPFs na plataforma da empresa. Há, ainda, relatos de outros tipos de golpes.
Uma empresa graúda do setor tecnológico e financeiro move um processo contra a Soffy porque tinha uma conta na instituição, que foi invadida por alguém que se passou por seu usuário e fez 88 transações de R$ 15 mil cada para contas de laranjas.
Em outro caso, uma idosa afirmou perder R$ 20 mil após ser enganada por um falso advogado que fez empréstimos em seu nome. A conta dele, para a qual o dinheiro foi desviado, era da Soffy.
A empresa foi vendida recentemente a um ex-cozinheiro gaúcho que fez carreira trabalhando em restaurantes no Mato Grosso do Sul. Ele assumiu a sociedade em maio deste ano, dois meses antes dos ataques.
Outra empresa que está sob suspeita de ter sido usada para desvios de R$ 90 milhões do BMP é a Transfeera.
No caso desta fintech, um portal de venda de produtos cosméticos alega que golpistas abriram uma página idêntica à sua, oferecendo os mesmos produtos, e têm usado contas na Transfeera para lucrar com vítimas que confundem os sites e acabam enviando dinheiro aos golpistas.
Em outro caso, a empresa é acusada de abrigar contas do famoso golpe do emprego.
O esquema funciona da seguinte forma: a vítima recebe uma mensagem de um desconhecido pelo WhatsApp com a promessa de um trabalho dos sonhos. Basta curtir vídeos no Youtube e avaliar restaurantes no Google para receber pagamentos de R$ 100 ou R$ 200. Nos primeiros dias, funciona.
Após algumas curtidas e avaliações, os golpistas pagam pequenas quantias. Após fidelizada, a vítima recebe a proposta de incrementar seus ganhos. Para isso, ela teria de depositar cifras de até R$ 1 mil na conta dos golpistas e, em troca do investimento e de mais curtidas, receberia até R$ 5 mil. A contrapartida nunca vem e a pessoa descobre que caiu em um golpe.
Dois dias após o ataque, João Nazareno Roque, de 48 anos, funcionário de TI da C&M, foi preso pela Polícia Civil paulista, suspeito de ter contribuído para o ataque, ao permitir que hackers usassem suas senhas de acesso ao sistema. Para isso, segundo as investigações, ele teria recebido R$ 15 mil dos criminosos.