A fusão do PSDB com o Podemos levará o novo partido a se tornar a oitava maior bancada da Câmara dos Deputados e a quinta do Senado. Os tucanos oficializarão a aliança com a sigla do Centrão nesta quinta-feira (5/6), após votação dos caciques na convenção partidária realizada em Brasília.
No horizonte, está a sobrevivência política da sigla que comandou o Planalto entre o fim da década de 1990 e o começo dos anos 2000.
Atualmente, o PSDB conta com 13 deputados, enquanto o Podemos tem 15. No Senado, os tucanos contam com três cadeiras, e os novos aliados somam quatro representantes na Casa. Ou seja, juntos, terão 28 lugares na Câmara, e sete senadores.
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Presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo
KEBEC NOGUEIRA/ METRÓPOLES @kebecfotografo2 de 4
O deputado Aécio Neves, do PSDB de Minas Gerais, no plenário da Câmara
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Deputada federal Renata Abreu, presidente do Podemos
Vinícius Schmidt/Metrópoles4 de 4
O Podemos é comandado pela deputada federal Renata Abreu
Danilo Martins/Podemos
Oficialmente, a aliança se dá por meio de uma incorporação. Ou seja, é o Podemos quem está sendo absorvido pelo PSDB, pelo menos juridicamente. Extraoficialmente, o acordo é tratado como uma fusão de fato, uma vez que haverá mudança no comando da nova sigla, nova redação do estatuto e até cogita-se trocar o tradicional 45 por outro número na urna.
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O PSDB está impedido de realizar uma fusão, de acordo com a legislação eleitoral. Como a sigla está federada desde 2022 com o Cidadania, não poderia se fundir com outra, apenas incorporar.
A incorporação ocorreu por sobrevivência política. Diante do crescimento de outras siglas do Centrão e da direita, e também da recém-anunciada federação entre o PP e o União Brasil, lideranças tucanas e do Podemos temem encolher ainda mais diante da divisão do fundo eleitoral.
Os tucanos são comandados pelo ex-governador de Goiás Marconi Perillo. Ele foi eleito em 2024, após uma longa briga interna com outras lideranças, incluindo o Aécio Neves, hoje deputado por Minas Gerais. Já o Podemos é presidido pela deputada federal Renata Abreu (SP).
Ainda não é certo quem presidirá a futura sigla, mas lideranças de ambos os lados preveem disputas internas no horizonte para definição da nova executiva.
A derrocada do PSDB
O partido amargou sucessivas crises, principalmente após a derrota de Aécio para Dilma Rousseff (PT) na disputa pela Presidência em 2014. Na eleição de 2018, perdeu representação para a nova direita, comandada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na sequência, brigas internas pelo comando da sigla levaram a debandadas de lideranças.
Os tucanos tiveram um presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2003. O partido também chegou a ter uma bancada de 23 senadores na 51ª legislatura, entre 1999 e 2003. Na eleição de 2022, não conseguiram sequer ter candidato à Presidência da República, e ainda perderam o comando do governo de São Paulo, após 28 anos consecutivos ocupando o Palácio dos Bandeirantes.
O último sinal da derrocada do PSDB ocorreu em 2023, quando perdeu até o direito a ter liderança no Senado e foi despejado do privilegiado gabinete tradicionalmente ocupado pela sigla, localizado no Salão Azul da Casa.
Nesse momento, a bancada encolheu para apenas um senador. O regimento determina que é preciso uma bancada de pelo menos três representantes para haver líder e liderados. Hoje, os tucanos voltaram a ter três assentos.