HÁ VINTE ANOS – Tudo é culpa de Lula


Até o começo deste ano havia a impressão generalizada de que o governo subia a ladeira depois de ter patinado pelo menos durante um ano – o primeiro.

Agora, em meio à parcela dos mais atentos ao que ocorre nas cercanias do poder, a impressão é de que o governo tenta desesperadamente não ser tragado por areias movediças.

Não adianta Lula vociferar que nada tem a ver com eventuais desacertos ou feias derrapadas cometidas por auxiliares ou ocupantes de cargos indicados por partidos políticos.

O governo é dele. Ele é que manda no governo – ou deveria mandar. É ele que admite, mantém ou demite.

Foi ele quem disse que daria um cheque em branco ao deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB – e, pelo jeito, deu.

Foi ele que deixou o tesoureiro do PT tesourar além do que devia. Ele sabia que o secretário-geral do PT participava do loteamento de cargos.

E foi ele que calculou mal as consequências da candidatura avulsa do deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) à presidência da Câmara dos Deputados. Dela resultou a eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE).

Por birra com o ministro José Dirceu e para reafirmar sua autoridade, não mudou até hoje a coordenação política do governo – e também não a assumiu conforme prometeu.

E pela mesma razão, e porquê tem dificuldade em se livrar de companheiros ineficientes, conserva vários deles em posições estratégicas do governo.

Acena com um governo de coalizão para tentar assegurar um novo mandato. Não reforma o ministério para montar o governo que diz desejar.

Em suma: o maior problema do governo Lula é Lula. O maior adversário de Lula nas próximas eleições será ele mesmo.

Ele vencerá apesar dele. Ou perderá por causa dele.

 

(Publicado aqui em 29 de junho de 2005)



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