projeto de Educação pública do interior bem sucedido, por Tiago Botelho


*Tiago Botelho

Hoje, 29 de julho de 2025, celebramos duas décadas da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), uma instituição que transformou vidas — e eu sou prova viva disso.

Fui aluno da UFGD no curso de História e da pós-graduação em Direitos Humanos e Cidadania. Andei por esses corredores cheio de sonhos e incertezas, como muitos filhos do interior que chegam em Dourados em busca de uma formação, mas com a esperança firme de que a educação pública poderia me levar mais longe. E levou. Hoje, tenho a honra de ocupar o lugar que um dia foi do outro lado da sala: passei de aluno para professor e coordenador do curso de Direito da UFGD.

A UFGD consolidou-se como um projeto de educação superior pública, interiorana e de excelência. Sua criação, em 2005, foi resultado de uma articulação da comunidade acadêmica e do Partido dos Trabalhadores com o governo federal, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo do estado, sob Zeca do PT, e o então prefeito de Dourados e professor da UFGD, Laerte Tetila.

A UFGD nasceu do desmembramento do campus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) em Dourados, por meio da Lei nº 11.153, sancionada por Lula em 29 de julho de 2005. Essa iniciativa foi parte de uma política nacional de expansão e interiorização do ensino superior público, visando democratizar o acesso à educação de qualidade. A presença do presidente Lula na inauguração da universidade simbolizou o compromisso do governo com a educação e o desenvolvimento do interior de Mato Grosso do Sul. Foi um marco para Dourados, para o Mato Grosso do Sul e para tantos estudantes que, como eu, tiveram acesso ao ensino superior de qualidade e gratuito sem sair do interior.

Recentemente, UFGD enfrentou um período desafiador, marcado por uma intervenção do governo Bolsonaro que desconsiderou a autonomia universitária e os princípios democráticos que regem a educação pública. Apesar dessas adversidades, a UFGD resistiu graças ao comprometimento de sua comunidade acadêmica, formada por homens e mulheres que acreditam que a educação pública de qualidade só é possível com democracia. A mobilização conjunta de estudantes, professores e técnicos foi fundamental para superar esse capítulo difícil e reafirmar os valores que sustentam a universidade. Hoje, a UFGD continua sendo um farol de conhecimento, democracia e humanidade, comprometida com a formação de cidadãos críticos e com a promoção de uma sociedade mais justa, igualitária e democrática.

Ao longo desses 20 anos, a UFGD expandiu significativamente sua atuação. Atualmente, oferece 37 cursos presenciais de graduação, seis cursos a distância e 27 programas de pós-graduação stricto sensu, além de cursos de especialização e residências. A universidade também se destaca por sua política de inclusão, com ações voltadas para comunidades indígenas, quilombolas e assentamentos rurais, promovendo a diversidade e a equidade no acesso ao ensino superior.

Mais do que uma universidade, a UFGD representa um projeto coletivo de um Brasil mais justo, mais crítico, mais científico e mais preparado para os desafios do presente e do futuro da democracia brasileira.

Tiago Botelho é doutor, mestre em Direito, advogado e professor do curso de Direito da UFGD



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