Empresário morto em Interlagos: caso completa 2 meses sem solução


O empresário Adalberto Amarílio dos Santos desapareceu no dia 30 de maio, após passar o dia com um amigo em um evento de motocicletas que acontecia no Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo. Dois meses depois, o caso segue sem solução e ninguém foi responsabilizado.

O corpo do empresário foi encontrado quatro dias depois, em 3 de junho, dentro de um buraco em uma área de obras no kartódromo de Interlagos. Até hoje, a polícia não sabe quando Adalberto foi morto e ainda não prendeu ninguém pelo crime.

Seguranças suspeitos

Apesar de não cravar a dinâmica da morte do empresário Adalberto, a Polícia Civil trabalha com a hipótese mais provável de que a vítima foi morta durante uma briga com um segurança que trabalhou no evento de motocicletas.

O golpe fatal teria sido um mata-leão, visto que o corpo de Adalberto não tinha lesões aparentes e laudos da Polícia Técnico-Científica de São Paulo terem concluído que o empresário morreu por asfixia e tinha lesões nos joelhos.

Em uma coletiva realizada no dia 18 de julho, as autoridades revelaram pela primeira vez a informação de que havia cinco suspeitos, todos são seguranças que trabalharam no evento onde Adalberto foi visto com vida pela última vez. Quatro deles foram conduzidos ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na mesma data e um não chegou a ser localizado.

Além deles, um representante da empresa de segurança responsável pela segurança do evento, a ESC Segurança, também foi encaminhado à delegacia. No departamento, todos ficaram em silêncio.

5 imagensLaudo encontra lesões no joelho de empresário morto em InterlagosMorte em Interlagos: empresário consumiu cerveja e maconha, diz amigoAutódromo de Interlagos, na zona sul de SPRafael Aliste (esq.) estava com empresário Adalberto Junior (dir.), encontrado morto em obra no Autódromo de Interlagos, na zona sul de SPFechar modal.1 de 5

Vídeo mostra difícil resgate de corpo de empresário morto em Interlagos

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Laudo encontra lesões no joelho de empresário morto em Interlagos

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Morte em Interlagos: empresário consumiu cerveja e maconha, diz amigo

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Autódromo de Interlagos, na zona sul de SP

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Rafael Aliste (esq.) estava com empresário Adalberto Junior (dir.), encontrado morto em obra no Autódromo de Interlagos, na zona sul de SP

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Dois dos suspeitos tiveram os nomes omitidos em uma lista de 184 funcionários enviada pela ESC Segurança. O único nome divulgado pela investigação foi o de Leandro de Thallis Pinheiro, lutador de jiu-jitsu. Na ocasião, o suspeito chegou a ser preso por porte ilegal de arma, mas foi liberado após pagar fiança de R$ 1.804.

Segundo as autoridades, Leandro exercia um cargo de liderança entre os seguranças, sendo essencial para a operação no dia do evento. No dia seguinte ao desaparecimento do empresário, o lutador não foi trabalhar, sinal que também levantou suspeitas para a polícia. A empresa, por sua vez, não reconhece a existência do funcionário.

Junto com os suspeitos, a polícia apreendeu celulares e computadores deles e apura possíveis pistas.

Celulares apreendidos e depoimentos

O DHPP realiza a varredura de ao menos seis celulares pertencentes a vigilantes de duas empresas que faziam a segurança no Autódromo de Interlagos.

Além disso, o departamento solicitou a relação de seguranças para três empresas que atuaram no autódromo, no dia em que a vítima participou do evento de motos, no qual foi visto vivo pela última vez. Funcionários de duas delas foram alvo de apreensões.

Da empresa Malbork, os seguranças Alisson Silva e Leandro Silva tiveram seus aparelhos apreendidos, no dia 30 de junho. Foi quando também os celulares de Edmilson Barbosa, Paulo Júnior e dois aparelhos de Paulo Neves, da ESC Segurança, também foram alvo de um auto de apreensão.

Antes de os aparelhos serem formalmente recolhidos, eles foram submetidos à perícia. No dia 10 de junho, a Polícia Civil analisou, de forma superficial e com autorização prévia, os celulares de Edmilson, Paulo Júnior e Paulo Neves.

Os laudos estão anexados ao processo do caso, que segue em sigilo de Justiça.

Em depoimento, Paulo e Edmilson alegaram não terem presenciado e nem terem conhecimento de nenhum acontecido atípico que pudesse ajudar no esclarecimento do caso.

Irmãos seguranças

Outros dois seguranças, os irmãos Alisson e Leandro Silva, prestavam serviço para a empresa Malbork, no dia em que o empresário desapareceu. Eles também prestaram depoimento à Polícia Civil, mas o teor do que falaram está sob sigilo.

Metrópoles apurou que Alisson, de 27 anos, fazia segurança armada no autódromo e atirou na perna de um suspeito de furto, em maio de 2023.

Em uma denúncia, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) afirmou que o criminoso foi flagrado por Alisson jogando uma mochila no chão, da qual caíram três facas e ferramentas.

Ele e o segurança discutiram e o suspeito teria se armado com uma das facas e partido para cima do vigilante, que sacou sua arma e atirou na perna do potencial agressor.

Entenda a cronologia do desaparecimento de empresário em Interlagos

Adalberto não voltou para casa após ter passado o dia com um amigo no evento de motocicletas no Autódromo de Interlagos. Em depoimento à polícia, o amigo descreveu como foi o dia em que o empresário desapareceu.

Amigos há cerca de oito anos, de acordo com o relato, os dois mantinham o mesmo interesse por motocicletas e participavam de um grupo de WhatsApp chamado “Renatinha Motoqueirinha”, no qual organizavam passeios de moto e conversavam diariamente.

Adalberto e o amigo participaram de test drives de motocicletas, das 14h30 às 17h. Em seguida, foram tomar um café em um dos quiosques e passear pelo evento. O empresário, então, teria sugerido que os dois tomassem uma cerveja.

Às 17h15, compareceram a uma ativação de motocross dentro do evento e, às 19h45, foram assistir ao show do cantor Matuê. Durante a apresentação, Adalberto e o amigo teriam usado maconha, adquirida de estranhos, no local, pelo próprio empresário. Eles beberam cerca de oito cervejas.

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Segundo o depoimento do amigo, Adalberto estava alcoolizado e alterado. A combinação da maconha com a cerveja o deixou “mais agitado que o normal”, de acordo com o relato. Não houve brigas, desentendimentos ou qualquer outra situação que pudesse trazer problemas, contou o amigo.

O show acabou às 21h e os amigos se despediram às 21h15. Adalberto alegou que precisava ir embora para jantar com a esposa. O amigo permaneceu no evento, comeu um hambúrguer e tomou refrigerante. Ele disse que deixou o Autódromo de Interlagos às 22h30. No depoimento, ele disse que chegou em casa às 23h e adormeceu.

Por volta das 2h de sábado (31/5), recebeu uma mensagem da esposa do empresário perguntando sobre o paradeiro do marido.

No dia seguinte ao desaparecimento de Adalberto, no domingo (1º/6), o amigo que prestou depoimento teve uma motocicleta roubada. Ele contou que foi abordado por quatro indivíduos armados, que estavam em duas motos. Celular e capacete também foram levados.

Corpo encontrado em buraco

O corpo de Adalberto foi encontrado na Avenida Jacinto Júlio em um buraco de 2 metros de profundidade e 40 centímetros de diâmetro. De acordo com a diretora do DHPP, Ivalda Aleixo, o cadáver não tinha lesões aparentes, vestígios de sangue, ferimentos ou fraturas.

O empresário estava no buraco com um capacete “colocado” na cabeça e as mãos para cima, vestindo nada além de uma jaqueta e a cueca (entenda abaixo). O cadáver ainda tinha muita terra no rosto e nas mãos, em razão de o empresário ter ficado dentro de um vão de uma obra, realizada perto do Kartódromo de Interlagos, onde o carro estava estacionado.

Veja:

A diretora do DHPP acredita que Adalberto foi colocado no buraco já morto ou desacordado, pois, segundo ela, não havia sinais de que o empresário tenha reagido ou tentado escalar o local. Ivalda ainda mencionou que a vítima estava a cerca de um metro de profundidade na terra, e que só não estava mais abaixo porque os braços impediram que o corpo descesse.

Como Adalberto foi encontrado

  • Adalberto Júnior foi encontrado no buraco de uma obra na região do kartódromo.
  • Ele usava um capacete preto e estava com as mãos para cima. Uma delas tinha a aliança de casamento, o que ajudou na identificação do corpo.
  • A vítima não apresentava ferimentos, estava com o celular (sem bateria), carteira com dinheiro e alguns documentos no bolso.
  • O empresário usava apenas jaqueta e cueca. O restante das roupas não foi localizado.
  • A jaqueta tem valor aproximado de R$ 2.500 a R$ 3.000.
  • O capacete que ele usava não estava bem preso, apenas “colocado”, como explicou a diretora do DHPP, Ivalda Aleixo.
  • Um médico legista que acompanhou as equipes policiais contou que o empresário aparentava estar no buraco de 36 a 40 horas. No entanto, o tempo não condiz com o tempo do desaparecimento de Adalberto – desde a noite de 30 de maio.
  • De acordo o DHPP, o corpo apresentava pouco inchaço e, considerando que a vítima desapareceu em 30 de maio, deveria estar em um estágio de decomposição mais avançado do que o observado no momento da descoberta, em 3 de junho.

7 imagensOs agentes localizaram o cadáver em um buraco de 2 metros de profundidade e 40 cm de diâmetroDe acordo com a PM, a vítima estava de capacete, o que dificultou a confirmação da identidade do corpoAdalberto Junior estava desaparecido desde a última sexta-feira (30/5)O empresário Adalberto Junior com a esposa, FernandaEle era empresário Fechar modal.1 de 7

A polícia achou corpo de Adalberto próximo ao posto 9 do Autódromo de Interlagos

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Os agentes localizaram o cadáver em um buraco de 2 metros de profundidade e 40 cm de diâmetro

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De acordo com a PM, a vítima estava de capacete, o que dificultou a confirmação da identidade do corpo

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Adalberto Junior estava desaparecido desde a última sexta-feira (30/5)

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O empresário Adalberto Junior com a esposa, Fernanda

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Ele era empresário

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Adalberto era paulista

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O corpo foi encontrado por um dos funcionários da construção, na manhã do dia 3/6. Inicialmente, o trabalhador acreditou se tratar de um boneco, já que só conseguia ver o capacete de Adalberto, mas acionou as autoridades mesmo assim. Um inquérito foi instaurado no DHPP, que investiga o caso como homicídio.



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