Mudanças no IOF trazem incertezas e encarecem crédito, dizem analistas


Mediando as operações financeiras, o setor bancário é um dos principais afetados pela alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) imposta pelo governo nesta sexta-feira (23).

Uma série de transações — da parte de seguros à cambial — tiveram suas alíquotas elevadas, chamando atenção sobretudo o encarecimento do crédito para empresas.

Fernando Siqueira, head de pesquisa da Eleven Financial, pontua que a medida tende a impactar negativamente os resultados das companhias nos próximos trimestres. 

Além disso, fica o receio de que outras medidas similares possam ser tentadas no futuro”, afirma Fernando Siqueira, head de pesquisa da Eleven Financial.

Dentre as principais elevações, destacam-se:

  • Para 5% o IOF sobre aportes mensais superiores a R$ 50 mil em planos de seguro de vida com cobertura por sobrevivência;
  • A tributação sobre cooperativas tomadoras de crédito com operações superiores a R$ 100 milhões/ano, que serão tributadas como as empresas em geral;
  • O crédito para pessoa jurídica;
  • O crédito para empresas do Simples Nacional;
  • Para 3,5% o IOF sobre remessas de recursos para contas do contribuinte brasileiro no exterior e compra de moeda em espécie;
  • Para 3,5% o IOF sobre operações não especificadas de saída de recursos.

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, ressalta que a taxação sobre planos de previdência pode desincentivar aportes mais volumosos no produto, com efeitos marginais sobre o fluxo de captação dos bancos.

“Vale destacar que, além destes, seguradoras listadas também possuem exposição significativa ao produto, o que pode pressionar seus resultados”, pontua.

Além do impacto negativo sobre empresas mais alavancadas — que estão mais expostas a crédito e empréstimos –, Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, aponta para um baque geral nas partes relacionadas ao setor financeiro.

“A elevação do IOF atinge diretamente as operações financeiras das empresas e encarece o crédito das famílias, gerando incertezas no curto prazo e impactos negativos sobre a atividade econômica. Crédito mais caro e escasso pode levar os bancos e as seguradoras a adotarem uma postura mais cautelosa”, indica.

Ademais, a medida vem em um momento no qual o setor já se vê pressionado com os juros elevados no país. No começo de maio, o Banco Central (BC) elevou a Selic — a taxa básica de juros do Brasil — ao patamar de 14,75% ao ano, o maior em quase 20 anos.

“O custo de capital já está nos maiores níveis dos últimos 20 anos, e com o IOF ainda mais alto, o custo efetivo para empresas fica muito elevado. Isso diminui o apetite das empresas a novas modalidades de crédito. Esse esfriamento e possível queda do crédito pode ter um impacto negativo nos bancos”, observa Marcos Moreira, sócio da WMS Capital.

O analista ainda destaca as incertezas geradas em torno do vai e vem do governo. Após repercussão negativa da matéria fiscal, o Ministério da Fazenda recuou e manteve em zero o IOF para fundos que investem no exterior.

Olhando para o cenário amplo do país, Arbetman vê uma “combinação adversa” de medidas para o ambiente de negócios no país.

“Vimos nesta semana uma conjunção de medidas que elevam o custo de operação e financiamento das empresas, num ambiente já marcado por incertezas. A sinalização é negativa para o empresário local e reforça a percepção de imprevisibilidade regulatória no Brasil, o que pode comprometer a competitividade e a atratividade do país na promoção de investimentos longo prazo”, conclui o analista da Ativa.

Veja como ficam as compras internacionais com as novas regras do IOF



Veja a Matéria Completa

Cookie policy
We use our own and third party cookies to allow us to understand how the site is used and to support our marketing campaigns.

Hot daily news right into your inbox.