Por que o mercado reagiu de forma negativa ao anúncio fiscal do governo?


Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro reagiram negativamente ao anúncio do congelamento de R$ 31,3 bilhões no orçamento e o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Em um primeiro momento, o anúncio causou uma onda positiva, com alta do Ibovespa e o dólar caindo abaixo de R$ 5,60.

Porém, ao fim do pregão, o sinal foi inverso: o principal índice do mercado brasileiro encerrou com queda de 0,44%, enquanto a divisa norte-americana ganhou fôlego contra o real e subiu 0,35%, a R$ 5,66.

Para analistas ouvidos pela CNN, a mudança de humor veio pela percepção de que o governo mira o teto da banda da meta do déficit primário perseguida pelo governo — ou seja, a tolerância máxima de um resultado negativo de R$ 31 bilhões ou 0,25% do PIB –, além de adiar resoluções e manter o temor com as contas públicas.

“Do lado positivo do anúncio, as projeções macro são próximas do que é apontado pelo mercado no Focus e o congelamento maior que a expectativa do mercado (entre R$ 10 a 15 bilhões). Do lado negativo do anúncio, as medidas estão mirando o teto da banda da meta primária”, afirma Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital.

Neste ano, o governo trabalha com a meta de zerar o déficit primário. Até o momento, as estimativas são de que o resultado ficará próximo do teto de 0,25% do PIB.

Em paralelo ao congelamento de gastos, o governo anunciou um reajuste no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O Executivo diz buscar corrigir distorções com a medida que projeta uma elevação na arrecadação de mais de R$ 60 bilhões entre os próximos dois anos.

“As reações negativas são exatamente isso, uma reação a essa tributação. Aumenta a preocupação com o cenário fiscal. O governo trava de um lado e aumenta imposto para arrecadar mais. É um sinal claro de que sem intervenção não está conseguindo controlar as contas públicas”, avalia Daniel Teles, especialista da Valor Investimentos.

Ao olhar para este cenário, Pablo Spyer, economista e conselheiro da Ancord, vê um gesto errático por parte do governo.

“Isso gera desconfiança, porque não se trata de um ajuste fiscal estrutural e sustentável, mas sim de um remendo temporário. O investidor busca sinais de responsabilidade fiscal de longo prazo, e não soluções de curto prazo que posterguem o problema”, pontua.



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