Sem chegar a Trump, Alckmin e Haddad agem por vias paralelas para barrar tarifaço


Faltando sete dias para entrar em vigor o tarifaço do presidente Donald Trump, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva esbarra na falta de uma conexão direta com a Casa Branca, que tem centralizado as negociações sobre as taxações que vêm sendo impostas aos parceiros comerciais. Os esforços brasileiros têm mantido contatos, por ora, com personagens do primeiro escalão do governo de Washington e setores empresariais norte-americanos que sairão perdendo com o encarecimento dos produtos exportados para os Estados Unidos, na expectativa de que possam encaminhar as demandas aos auxiliares diretos de Trump.

O mais perto que o Brasil chegou da Casa Branca foi a conversa, em 19 de julho, do vice-presidente Geraldo Alckmin, que está à frente das negociações como representante do governo por acumular o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços — com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. A ideia do Palácio do Planalto é colocar a situação em bases exclusivamente técnicas e evitar a contaminação ideológica. Afinal, Trump anunciou que o tarifaço seria imposto ao Brasil por discordar do processo ao qual o ex-presidente Jair Bolsonaro responde, no Supremo Tribunal Federal (STF), por tentativa de golpe de Estado.

“Tivemos uma conversa longa com o secretário Lutnick, que entendo importante, colocando todos os pontos e destacando o interesse do Brasil na negociação. O presidente Lula tem orientado que a negociação não tenha contaminação política, nem ideológica. É para centrar na busca de solução para a questão comercial”, frisou Alckmin.

Quem também entrou no circuito no sentido de tentar alcançar a Casa Branca foi o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, cuja pasta abriu contato com a Secretária do Tesouro dos EUA. Ele, inclusive, conversou com o secretário Scott Bessent e dele escutou que é o comando do governo norte-americano que vem enfeixando todas as negociações relacionadas às tarifas comerciais.

Isso, porém, não quer dizer que esse primeiro contato tenha sido infrutífero. Ao contrário, há a percepção de auxiliares de Haddad de que criou-se uma ponte com um integrante do primeiro escalão do governo Trump. Conforme avalia, isso favorece o trabalho bilateral para levar adiante as tratativas contra o tarifaço, assim que que se criem as condições de uma conversa direta entre Trump e Lula.

“Conversador”

Enquanto não há uma linha direta entre a Casa Branca e o Palácio do Planalto, o presidente vem aproveitando todos os eventos de que participa para registrar publicamente que o Brasil está pronto para conversar tão logo os EUA queiram. Ontem, Lula exaltou as habilidades de Alckmin ao classificá-lo como “exímio” negociador. “Queria dizer para Trump, outra vez, que esse moço aqui (Alckmin) é meu vice-presidente. É o cara mais calmo que eu conheço na vida. Esse cara é um exímio negociador. Ele não levanta a voz. Ele só quer conversar”, elogiou, em discurso no evento sobre urbanização de favelas, em Osasco (SP).



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